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Açúcar amargo

A rainha da Inglaterra Elizabeth 1ª, uma das mais poderosas de toda história, tinha uma fraqueza: açúcar. Aos 60 anos ainda estava bonita e sexy, mas jamais sorria nem quando posava para pintores porque os dentes que restavam estavam pretos.

Comparado com outras maldades do açúcar, a dentadura da Elizabeth é uma tragédia menor. Entre africanos e índios das Américas Central e do Sul, o açúcar matou milhões e escravizou gerações. Dos 6 milhões de escravos que vieram da África, metade foi trabalhar nas plantações de cana-de-açúcar. Nenhuma outra planta destruiu e envenenou o planeta como a cana-de-açúcar.

Com Elizabeth Abbott, escritora e jornalista canadense, aprendemos também que a primeira residência do açúcar foi na Polinésia, mas há referências sobre as suas propriedades afrodisíacas na China, cinco séculos antes de Cristo e as propriedades espirituais no ano 325 em cânticos indianos. As histórias estão em "Sugar: A Bitter History".

A paixão da nobreza europeia pelo açúcar só começa no século 16. O refinado branco era aristocrata, custava uma fortuna, foi usado e abusado nas cortes. No palácio de Mary, da Hungria, regente da Holanda, mesas de doces e confeites desciam do teto em orgias gastronômicas acompanhadas de shows de luzes e trovões.

Quando a portuguesa Maria de Aviz saiu para casar com o Duque de Parma, uma das centenas de esculturas de açúcar na estrada era do próprio duque em tamanho natural. Bem menor, é claro, do que as esculturas da baleia e das serpentes marinhas. No casamento, as velas eram de açúcar.

Quando Elizabeth Abbott foi à ilha de Antígua em busca da história da família, a escritora não pensava em escrever um livro sobre açúcar. Estava atraída pelo fantasma da avó dela, Mary Abbott, com sua camisola azul, um dos mitos mais populares da ilha. A escritora nunca viu a caminhada da avó pelos jardins, mas, na pesquisa, foi encantada pelas conexões dos ancestrais, plantadores de cana-de-açúcar.

Nas 452 páginas do livro, Elizabeth Abbot se concentra nas ilhas inglesas do Caribe, mas há pouco sobre o Brasil, maior produtor e consumidor de açúcar do mundo. A Índia, o distante segundão, também merece pouco destaque.

Nosso açúcar, naquela época, era considerado inferior. Os melhores eram de Barbados e da Jamaica.

A tragédia da rainha escrava Teresa é muito mais trágica do que a da dentadura de Elizabeth. Colocava a cana nos moedores. Um dia, exausta, cochilou, e a mão direita foi decepada pela máquina. Na tentativa de salvar a direita, Teresa, enfiou a mão esquerda. Perdeu as duas.

Nas plantações brasileiras o capataz sempre tinha por perto um facão afiado para este tipo de emergência. Rápido, cortava a parte do braço para evitar que o escravo morresse, explica Abbott, mas não esclarece porque valia a pena salvar a vida de alguém que daí por diante seria inútil na plantação.

Nossa brutalidade com as escravas merece poucos parágrafos. São histórias que eu ouvia em Minas sobre a dona da fazenda enciumada que mata e serve os olhos da escrava, no molho de sangue, ao marido traidor. Lá, na minha Pitangui, a fazendeira malvada era a Maria Tangará.

A promiscuidade entre patrões e escravas do Caribe merece mais páginas do que a brasileira, e no caldeirão final o Brasil aparece como um país que ofende o meio ambiente. Cuba é um modelo de proteção da mata.

O açúcar acaba de ter a maior queda de preço no mercado nos últimos trinta anos. A produção brasileira de 2010 é recordista, com um aumento de 19% sobre a de 2009, mas a tonelada vale 47% menos do que no ano passado. Um desastre.

E há outro pela frente. O governo americano terá de decidir em breve se mantém o subsídio do etanol produzido nos Estados Unidos com milho, muito mais caro do que o da cana-de-açúcar.

O álcool brasileiro é barrado aqui graças a um brutal imposto de 54 centavos por galão importado.

A organização dos produtores de etanol americano vai investir US$ 2,5 milhões nos próximos seis meses numa campanha para defender os subsídios.

A UNICA, que representa os produtores brasileiros, vai gastar dez vezes menos para tentar convencer os americanos que nosso álcool/etanol é mais barato, eficiente e menos poluidor.

Numa história amarga, esta seria a mais doce das vitórias para os produtores, mas há uma campanha muito maior contra o açúcar nos alimentos americanos, responsável pela obesidade e pelo diabetes.

Dinossauro também mudava as penas, mostra fóssil

Quem ainda duvida de que as aves modernas não passam de dinossauros de duas patas aguente-se com esta: dois novos fósseis descobertos na China sugerem que, assim como os pintinhos, esses répteis extintos também trocavam as penas na passagem para a idade adulta.

Xing Lida e Song Qijin/-Divulgação
-Ilustração reconstitui dois exemplares do dinossauro predador "Similicaudipteryx": um juvenil, com as penas "bizarras", e um adulto
-Ilustração reconstitui dois exemplares do dinossauro predador "Similicaudipteryx": um juvenil, com as penas "bizarras", e um adulto

Mas os dinos iam além: enquanto as aves fazem a muda apenas uma vez (da penugem para as penas que usarão para voar), eles tinham um estágio intermediário de troca. Penas de "adolescente", por assim dizer.

A descoberta foi relatada no periódico "Nature" pela equipe do caçador de fósseis Xing Xu, da Academia Chinesa de Ciências. Segundo os pesquisadores, ela mostra que a evolução andou brincando um bocado com o design das penas antes de produzir o padrão atual.

Menino cego aprende a se locomover com técnica de morcegos

Um menino cego de 4 anos está aprendendo a se locomover de maneira independente aprendendo a técnica de sonar usada por golfinhos para identificar objetos a sua volta.

James Aspland, do condado de Kent, na Inglaterra, é cego de nascença e está aprendendo a técnica com um especialista em mobilidade para deficientes visuais, o americano Daniel Kish, que perdeu a visão aos 13 anos e preside a organização Acesso ao Mundo para os Cegos.

A técnica envolve a emissão de estalos agudos com a língua para ouvir como eles reverberam nas superfícies próximas, ajudando um deficiente visual a localizar objetos e perceber seu tamanho - e seu posicionamento em relação a eles - pelo eco que eles produzem.

Técnicas semelhantes são usadas por animais como golfinhos e morcegos, mas como eles podem emitir sons muito mais agudos, sua percepção dos objetos é muito mais precisa e detalhada.

Segundo o jornal local Kent Messenger, Jamie será acompanhando por 12 meses por Kish, que dará ideias para seu treinamento. O especialista diz que a técnica ajuda a identificar objetos grandes, como prédios, a uma distância de até 100 metros.

Sua mãe, Debs Aspland, relatou uma ocasião em um parque, em que o filho conseguiu se desviar de uma cerca a tempo de evitar uma colisão.

O especialista, que treina pessoas no mundo todo, diz que 75% de seus "aprendizes" são crianças. Ele também pratica mountain bike e montanhismo, sempre utilizando a técnica.

Proteína aprisionada cura ossos quebrados

Uma proteína naturalmente produzida pelo corpo pode ser utilizada para curar ossos quebrados, descobriram pesquisadores da Califórnia. O experimento foi feito com ratos.

Os cientistas da Universidade Stanford injetaram nos bichos proteínas conhecidas como WNTs, que aceleram o crescimento do esqueleto. O osso demora dias para se recuperar, mas a terapia funciona. O estudo saiu na revista "Science Translational Medicine".

Já se sabia que essas proteínas eram úteis na regeneração. Mas era difícil fazer com que elas pudessem ser utilizadas como medicamento porque, por suas características químicas, elas preferem aderir umas às outras em vez de aos ossos.

Para vencer esse obstáculo, os cientistas se inspiraram em métodos já conhecidos utilizados para levar medicamentos até tumores. Eles encapsularam as proteínas purificadas em lipossomas -o mesmo material que constitui as membranas das células humanas. Assim, elas ficaram aprisionadas até encontrar os ossos.

Com agências internacionais

Decodificação do genoma de rã traz esperanças para anfíbios e humanos

A decodificação do genoma da rã africana, anunciada nesta quinta-feira, deve permitir à ciência proteger melhor os anfíbios, classe em rápido declínio no mundo, e permitir avançar na compreensão das doenças humanas.

A Xenopus tropicalis se soma, assim, à lista de mais de 175 organismos cujo genoma foi decodificado desde 2001, entre os quais o do ser humano, o da abelha, o da vaca, o do frango, o da ratazana e o do camundongo.

Os cientistas da equipe internacional que trabalhou no sequenciamento descobriram que o genoma desta rã tem de 20.000 a 21.000 genes, dos quais mais de 1.700 são muito similares aos que no homem estão relacionados com o câncer, a asma e as doenças cardíacas.

Comparativamente, o genoma do homem tem 23.000 genes, afirmaram estes cientistas, cujo trabalho será publicado na edição desta sexta-feira da revista científica americana "Science".

"Esta decodificação é um importante ponto de partida para se começar a trabalhar verdadeiramente com a Xenopus para compreender o funcionamento dos genes e como interagem durante o desenvolvimento das doenças", destacou Jacques Robert, imunologista da Faculdade de Medicina da Universidade de Rochester (Nova York), coautor do estudo.

"A Xenopus é muito promissora e deve tornar-se um modelo de pesquisa muito poderoso para nos ajudar a compreender melhor como funcionam nossos próprios genes", acrescentou o pesquisador, em um comunicado.

A decodificação desta pequena rã africana também abre a possibilidade de se estudar, ao nível molecular e genômico, os efeitos dos produtos químicos provenientes da contaminação ambiental, que perturbam o funcionamento das glândulas endócrinas dos anfíbios, afirmou Uffe Hellsten, bioinformático do "Joint Genome Institute", que integra o Departamento de Energia americano, que coordenou as pesquisas.

"Estas substâncias químicas imitam os hormônios das rãs e sua presença nos lagos e cursos d'água poderia ser, em grande parte, responsável pelo declive das populações de rãs em todo o mundo", acrescentou o cientista.

"É preciso esperar que a compreensão dos efeitos destes perturbadores hormonais ajude a preservar a diversidade das espécies de rãs e tenha também um impacto positivo para a saúde do homem, já que estas substâncias também afetam nosso organismo", observou.

Uma comparação das áreas em torno dos genes específicos da rã, do frango e do homem revela semelhanças surpreendentes que indicam que estruturas genéticas nos cromossomos destas espécies diferentes se mantiveram inalteradas ao longo da evolução.

"Quando se veem segmentos do genoma da Xenopus, podemos ver literalmente estruturas genéticas com 300 milhões de anos de antiguidade que pertencem ao genoma do último ancestral comum entre todas as aves, rãs, dinossauros e mamíferos que pisaram a Terra", explicou Uffe Hellsten.

"Pareceria, assim, que a fragmentação e relocalização dos cromossomos são extremamente raros na evolução", acrescentou.

A Xenopus é um tipo de rã que reúne mais de 20 espécies na África subsaariana.

Cerca de 50 cientistas de 24 institutos de pesquisa em todo o mundo participaram deste projeto, financiado pelos Estados Unidos.

Diretor de "Avatar" ajuda Nasa a criar câmera 3D para uso em Marte

O diretor de "Avatar" James Cameron está ajudando a Nasa (agência espacial norte-americana) na construção de uma câmera de alta resolução colorida em 3D e com zoom para a próxima geração de sondas marcianas.

O valor do projeto não foi revelado. A câmera será montada sobre a sonda Curiosity, que está sendo preparada para lançamento no ano que vem.

26.out.09/Nasa
Imagem da sonda Mars Reconnaissance Orbiter mostra rastros de redemoinho de vento sobre terreno de Marte
Imagem da sonda Mars Reconnaissance Orbiter mostra rastros de redemoinho de vento sobre terreno de Marte

O Jet Propulsion Laboratory, em Pasadena (Califórnia, EUA) havia desistido de construir uma câmera 3D na sonda Curiosity porque a montagem da sonda estava atrasada e o orçamento estava acima do esperado.

Mas Cameron convenceu o administrador da agência Charles Bolden sobre a inclusão de uma câmera 3D durante um encontro em janeiro, dizendo que, com uma melhor "visão" sobre a superfície de Marte, a sonda iria ajudar o público a se conectar com a missão. O executivo cedeu.

Cameron está listado na Malin Space Science Systems (responsável pela construção da câmera espacial 3D) como copesquisador do projeto.

"O zoom não é uma questão científica, apesar de haver alguns benefícios da ciência", disse Michael Malin, que está trabalhando na equipe, em um comunicado. "As câmeras fixas que acabamos de entregar vão fazer quase tudo o que foi originalmente proposto. Mas elas não podem fornecer um amplo campo de visão. Com as câmeras de zoom, vamos ser capazes de fazer sequências de vídeo, [além de] cinema em 3D sobre a superfície de Marte."

Com Associated Press

Cinema usa bicicletas ergométricas para gerar energia

Um cinema na capital da Lituânia, Vilnius, está usando bicicletas ergométricas para gerar energia para seu projetor. E quem se dispor a pedalar pode assistir ao filme de graça.

Os coordenadores cinema Pasaka, que significa Conto de Fadas, também são fãs de bicicletas, e decidiram unir as duas paixões para promover um estilo de vida mais sustentável.

A ideia está fazendo sucesso entre os freqüentadores do cinema.

O local, que normalmente exibe filmes de arte, está passando um filme por semana usando as bicicletas desde o começo de abril, e o projeto irá até o dia 6 de maio.

Mundo falhou em frear extinções, diz análise

O mundo está para perder outro prazo. Em 2010, deveria ter havido uma "redução significativa" da velocidade com a qual as formas de vida estão desaparecendo. Tanto a Convenção sobre Diversidade Biológica (CBD) e os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio da ONU, de 2000, demandam isso. Mas a maior análise da biodiversidade global já feita descobriu que não é isso o que está acontecendo -- apesar daqueles que parecem ser esforços governamentais maciços.

Brasil descumpre meta para ambiente

Nunca se produziu antes uma medida padronizada da biodiversidade entre os milhares de habitats da Terra. Cientistas da CBD criaram 31 esquemas de acompanhamento da perda de espécies, ecossistemas ou variantes genéticas em mamíferos, criaturas marinhas, aves e outras grandes categorias. Nesta semana, pela primeira vez, eles juntaram todos esses indicadores.

"Eles fornecem evidência plena de que o mundo natural está sendo destruído mais depressa do que nunca", disse Stuart Butchart, do Centro de Monitoramento da Conservação das Nações Unidas, em Cambridge (Reino Unido), autor principal do estudo. A análise será parte do Panorama Global da Biodiversidade 3, a ser publicado pela convenção no mês que vem.

O levantamento mostra que as espécies, de algas marinhas a mamíferos, caiu no geral desde 1970. Enquanto isso, as pressões sobre a biodiversidade, da sobrepesca às espécies invasoras, cresceu.

Infelizmente, não foi por falta de tentativa. O relatório, publicado ontem na edição on-line do periódico "Science", também mostra que os esforços dos governos para cumprir a promessa de 2010 aumentaram exponencialmente desde 1970.

Mas claramente não produziram muito resultado. O problema, diz Butchart, é que, embora haja uma miríade de planos no papel, "eles têm sido orientados, financiados e implementados de forma inadequada". Há, por exemplo, muitas áreas protegidas, mas elas não receberam dinheiro suficiente e não estão nas áreas mais importantes do ponto de vista biológico. Mais de 80% dos governos prometeram atacar o problema das espécies invasoras, mas menos da metade deles fez realmente algo.

Com mais US$ 4 bilhões por ano, segundo uma estimativa, seria possível tirar as áreas protegidas do papel, afirmou o autor.

As 193 nações que pertencem à Convenção da Biodiversidade se reúnem em outubro em Nagoya, Japão, e deverão usar a análise para orientar novas ações. "2010 não será o ano em que as perdas foram detidas", diz Butchart, "mas deve ser o ano em que os governos começaram a levar o assunto a sério".

EUA aprovam 1ª vacina para tratar câncer de próstata avançado

A FDA (órgão americano que regula alimentos e fármacos) aprovou a primeira vacina para tratar câncer de próstata avançado e com metástase. A droga, com nome comercial Provenge, estimula o sistema imunológico a combater o tumor.

O fabricante estima que o tratamento custará US$ 93 mil por paciente --por enquanto, estará disponível para somente alguns pacientes de 50 hospitais e centros médicos nos EUA.

Estudos clínicos realizados durante o desenvolvimento da vacina apontaram redução de mortalidade pela doença em 22% e aumento de sobrevida de quatro meses.

O tratamento do câncer de próstata metastático (que já se espalhou para outras partes do corpo) normalmente é feito com quimioterapia e tratamento hormonal, com sobrevida média de três a cinco anos. Alguns pacientes, no entanto, não respondem bem às terapias.

No Brasil, o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens. Em todo o mundo, 75% dos casos surgem após os 65 anos de idade.

Editoria de Arte/Folha Imagem

Balão com equipamentos milionários cai na Austrália; veja vídeo

Um balão carregando equipamentos milionários de pesquisa científica caiu ao ser lançado na região central da Austrália, noticiou nesta quinta-feira a imprensa do país.

Veja vídeo

Um cinegrafista da rede de TV ABC conseguiu captar imagens do acidente. Os cientistas estavam tentando lançar o balão em grandes altitudes, para coletar dados para uma pesquisa de astrofísica.

Os pesquisadores culparam o vento pelo acidente. Apesar de tudo, eles conseguiram evitar que os equipamentos ficassem totalmente danificados.

O lançamento do balão foi adiado para o fim do mês de maio.

Cientistas prevêem doenças de pessoa através de seu genoma

Cientistas americanos conseguiram, pela primeira vez, prever quais doenças uma pessoa poderá desenvolver, a partir de seu mapeamento genético.

Em estudo publicado na revista científica The Lancet, uma equipe da Universidade de Stanford, na Califórnia, analisou todo os genes do colega Stephen Quake, de 40 anos, e concluiu que ele corre o risco de sofrer de problemas como diabetes, doenças cardíacas e alguns tipos de câncer.

No ano passado, o professor de bioengenharia Quake ficou conhecido por ter desenvolvido uma nova tecnologia capaz de realizar seu mapeamento genético com menos de US$ 50 mil - um valor muito menor do que se gastava no início das pesquisas de genoma.

Outros cientistas, no entanto, disseram que a experiência levanta dilemas éticos, mesmo representando o início de uma nova era de medicina personalizada.

Ética

Quake se voluntariou para o estudo e, antes, foi submetido a sessões com um psicólogo para se preparar para a possibilidade da descoberta de uma doença grave.

Os cientistas analisaram genoma de Quake procurando por variações e "erros" genéticos associados com 55 doenças.

"Foi uma experiência interessante e eu estava curioso para saber os resultados", disse ele.

"Mas é importante admitir que nem todo mundo pode querer saber dos detalhes íntimos de seu genoma. Há muitas questões éticas, educacionais e de políticas que precisam ser esclarecidas antes de darmos continuidade com esse tipo de trabalho."

O custo do mapeamento genético vem diminuindo, e alguns cientistas acreditam que um estudo semelhante ao realizado na Califórnia poderá ser oferecido por médicos dentro de dez anos.

Asteroide tem estoque de água congelada, diz estudo

A Nasa já tem mais um bom motivo para seguir em frente com seu plano de mandar humanos ao cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter: água. A preciosa substância parece estar distribuída, na forma de gelo, por toda a superfície do asteroide 24 Têmis, apontam dois novos estudos. Pode ser um indício de que a própria água responsável pelo surgimento da vida na Terra tenha vindo do cinturão durante os primórdios do Sistema Solar.

Gabriel Pérez/Instituto de Astrofísica das Canárias
Concepção artística do asteroide 24 Têmis e de fragmentos menores, originários de um impacto
Concepção artística do asteroide 24 Têmis e de fragmentos menores, originários de um impacto

Como a visita de astronautas ainda não aconteceu, a pista sobre a presença de água congelada é indireta. Os dois grupos de pesquisa, que incluem gente nos EUA, na Europa e no Brasil, observaram a luz infravermelha que chega até a superfície do asteroide e é rebatida por ele. Dependendo da composição do astro, a "assinatura" desse infravermelho varia, explica a astrônoma Thais Mothé-Diniz, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Ela é coautora de um dos estudos na revista "Nature" de hoje.

"Esse espectro [luminoso] do asteroide é comparado com as características ópticas de uma série de materiais num modelo de computador, o que indicou a presença de água", diz ela. O fato de muitos materiais absorverem e refletirem luz de maneira típica é uma mão na roda para os astrônomos, já que essa é uma das maneiras mais práticas para determinar de que é feito um astro distante.

A origem do gelo é mais misteriosa, porque as condições do cinturão de asteroides deveriam, em tese, fazer com que ele sublimasse (ou seja, virasse gás direto, sem passar pela forma líquida). "Achamos que há um reservatório de gelo logo abaixo da superfície, que pode ser trazido para cima, talvez pelo impacto de micrometeoritos ou pela ação do vento solar [fluxo de partículas oriundo do Sol]", afirma a astrônoma.

Os dados podem trazer pistas sobre o próprio passado da Terra. Isso porque é consenso entre os cientistas que, durante sua formação, há cerca de 4,5 bilhões de anos, o planeta não teria como manter um suprimento considerável de água. Mas a Terra também foi bombardeada por corpos menores durante esse período, entre eles cometas, ricos em gelo, os quais poderiam ter abastecido os ancestrais dos oceanos.

"O que estamos vendo é que não só os cometas, mas também os asteroides podem ter trazido essa água", afirma Mothé-Diniz. O complicado é saber, tantos bilhões de anos depois, qual fonte contribuiu com quanto da água que seria essencial para a evolução da vida. Aliás, os asteroides também podem ter bombardeado a Terra com suas moléculas orgânicas, "tijolos" químicos precursores dos seres vivos.

O impacto dos achados sobre futuras missões tripuladas pode ser mais direto do que se imagina. Um dos cientistas que estão ajudando a planejar a visita ao cinturão de asteroides é justamente o venezuelano Humberto Campins, da Universidade da Flórida Central, que coordenou o artigo na "Nature" também assinado pela pesquisadora brasileira.

Cinema usa bicicletas ergométricas para gerar energia

Um cinema na capital da Lituânia, Vilna, está usando bicicletas ergométricas para gerar energia ao seu projetor. E quem se dispuser a pedalar pode assistir ao filme de graça.

Os coordenadores cinema Pasaka, que significa Conto de Fadas, também são fãs de bicicletas e decidiram unir as duas paixões para promover um estilo de vida mais sustentável.

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A ideia está fazendo sucesso entre os freqüentadores do cinema.

O local, que normalmente exibe filmes de arte, está passando um filme por semana usando as bicicletas desde o começo de abril, e o projeto irá até o dia 6 de maio.

Cientistas estudam indiano que diz viver há 70 anos sem água e comida

Médicos e cientistas na cidade indiana de Ahmedabad estão observando um homem que diz ter vivido sem comida e sem água ao longo dos últimos 70 anos.

Prahlad Jani é um líder religioso da tradição Jainista. Ele está sendo observado por médicos, que afirmam que nas 108 horas que já se passaram, ele ainda não comeu nem bebeu nada.

Veja vídeo

O caso chamou atenção até mesmo do Exército indiano, que o colocou sobre observação por 24 horas ao longo das próximas duas semanas. A ideia é que se os médicos descobrirem o segredo do líder religioso, isso pode ser bem usado no futuro.

Prahlad Jani diz que sobrevive graças à meditação e ao poder da sua mente.

Apesar de este tipo de caso não ser totalmente inédito na Índia, ele se tornou um dos mais célebres dos últimos tempos por estar sendo estudado mais a fundo pelos cientistas.

EUA aprovam 1ª vacina para tratar câncer de próstata avançado

A FDA (órgão americano que regula alimentos e fármacos) aprovou a primeira vacina para tratar câncer de próstata avançado e com metástase. A droga, com nome comercial Provenge, estimula o sistema imunológico a combater o tumor.

O fabricante estima que o tratamento custará US$ 93 mil por paciente --por enquanto, estará disponível para somente alguns pacientes de 50 hospitais e centros médicos nos EUA.

Estudos clínicos realizados durante o desenvolvimento da vacina apontaram redução de mortalidade pela doença em 22% e aumento de sobrevida de quatro meses.

O tratamento do câncer de próstata metastático (que já se espalhou para outras partes do corpo) normalmente é feito com quimioterapia e tratamento hormonal, com sobrevida média de três a cinco anos. Alguns pacientes, no entanto, não respondem bem às terapias.

No Brasil, o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens. Em todo o mundo, 75% dos casos surgem após os 65 anos de idade.

Editoria de Arte/Folha Imagem

Dinossauro também mudava as penas, mostra fóssil

Quem ainda duvida de que as aves modernas não passam de dinossauros de duas patas aguente-se com esta: dois novos fósseis descobertos na China sugerem que, assim como os pintinhos, esses répteis extintos também trocavam as penas na passagem para a idade adulta.

Xing Lida e Song Qijin/-Divulgação
-Ilustração reconstitui dois exemplares do dinossauro predador "Similicaudipteryx": um juvenil, com as penas "bizarras", e um adulto
-Ilustração reconstitui dois exemplares do dinossauro predador "Similicaudipteryx": um juvenil, com as penas "bizarras", e um adulto

Mas os dinos iam além: enquanto as aves fazem a muda apenas uma vez (da penugem para as penas que usarão para voar), eles tinham um estágio intermediário de troca. Penas de "adolescente", por assim dizer.

A descoberta foi relatada no periódico "Nature" pela equipe do caçador de fósseis Xing Xu, da Academia Chinesa de Ciências. Segundo os pesquisadores, ela mostra que a evolução andou brincando um bocado com o design das penas antes de produzir o padrão atual.

Cinema usa bicicletas ergométricas para gerar energia

Um cinema na capital da Lituânia, Vilna, está usando bicicletas ergométricas para gerar energia ao seu projetor. E quem se dispuser a pedalar pode assistir ao filme de graça.

Os coordenadores cinema Pasaka, que significa Conto de Fadas, também são fãs de bicicletas e decidiram unir as duas paixões para promover um estilo de vida mais sustentável.

Veja vídeo

A ideia está fazendo sucesso entre os freqüentadores do cinema.

O local, que normalmente exibe filmes de arte, está passando um filme por semana usando as bicicletas desde o começo de abril, e o projeto irá até o dia 6 de maio.

Açúcar amargo

A rainha da Inglaterra Elizabeth 1ª, uma das mais poderosas de toda história, tinha uma fraqueza: açúcar. Aos 60 anos ainda estava bonita e sexy, mas jamais sorria nem quando posava para pintores porque os dentes que restavam estavam pretos.

Comparado com outras maldades do açúcar, a dentadura da Elizabeth é uma tragédia menor. Entre africanos e índios das Américas Central e do Sul, o açúcar matou milhões e escravizou gerações. Dos 6 milhões de escravos que vieram da África, metade foi trabalhar nas plantações de cana-de-açúcar. Nenhuma outra planta destruiu e envenenou o planeta como a cana-de-açúcar.

Com Elizabeth Abbott, escritora e jornalista canadense, aprendemos também que a primeira residência do açúcar foi na Polinésia, mas há referências sobre as suas propriedades afrodisíacas na China, cinco séculos antes de Cristo e as propriedades espirituais no ano 325 em cânticos indianos. As histórias estão em "Sugar: A Bitter History".

A paixão da nobreza europeia pelo açúcar só começa no século 16. O refinado branco era aristocrata, custava uma fortuna, foi usado e abusado nas cortes. No palácio de Mary, da Hungria, regente da Holanda, mesas de doces e confeites desciam do teto em orgias gastronômicas acompanhadas de shows de luzes e trovões.

Quando a portuguesa Maria de Aviz saiu para casar com o Duque de Parma, uma das centenas de esculturas de açúcar na estrada era do próprio duque em tamanho natural. Bem menor, é claro, do que as esculturas da baleia e das serpentes marinhas. No casamento, as velas eram de açúcar.

Quando Elizabeth Abbott foi à ilha de Antígua em busca da história da família, a escritora não pensava em escrever um livro sobre açúcar. Estava atraída pelo fantasma da avó dela, Mary Abbott, com sua camisola azul, um dos mitos mais populares da ilha. A escritora nunca viu a caminhada da avó pelos jardins, mas, na pesquisa, foi encantada pelas conexões dos ancestrais, plantadores de cana-de-açúcar.

Nas 452 páginas do livro, Elizabeth Abbot se concentra nas ilhas inglesas do Caribe, mas há pouco sobre o Brasil, maior produtor e consumidor de açúcar do mundo. A Índia, o distante segundão, também merece pouco destaque.

Nosso açúcar, naquela época, era considerado inferior. Os melhores eram de Barbados e da Jamaica.

A tragédia da rainha escrava Teresa é muito mais trágica do que a da dentadura de Elizabeth. Colocava a cana nos moedores. Um dia, exausta, cochilou, e a mão direita foi decepada pela máquina. Na tentativa de salvar a direita, Teresa, enfiou a mão esquerda. Perdeu as duas.

Nas plantações brasileiras o capataz sempre tinha por perto um facão afiado para este tipo de emergência. Rápido, cortava a parte do braço para evitar que o escravo morresse, explica Abbott, mas não esclarece porque valia a pena salvar a vida de alguém que daí por diante seria inútil na plantação.

Nossa brutalidade com as escravas merece poucos parágrafos. São histórias que eu ouvia em Minas sobre a dona da fazenda enciumada que mata e serve os olhos da escrava, no molho de sangue, ao marido traidor. Lá, na minha Pitangui, a fazendeira malvada era a Maria Tangará.

A promiscuidade entre patrões e escravas do Caribe merece mais páginas do que a brasileira, e no caldeirão final o Brasil aparece como um país que ofende o meio ambiente. Cuba é um modelo de proteção da mata.

O açúcar acaba de ter a maior queda de preço no mercado nos últimos trinta anos. A produção brasileira de 2010 é recordista, com um aumento de 19% sobre a de 2009, mas a tonelada vale 47% menos do que no ano passado. Um desastre.

E há outro pela frente. O governo americano terá de decidir em breve se mantém o subsídio do etanol produzido nos Estados Unidos com milho, muito mais caro do que o da cana-de-açúcar.

O álcool brasileiro é barrado aqui graças a um brutal imposto de 54 centavos por galão importado.

A organização dos produtores de etanol americano vai investir US$ 2,5 milhões nos próximos seis meses numa campanha para defender os subsídios.

A UNICA, que representa os produtores brasileiros, vai gastar dez vezes menos para tentar convencer os americanos que nosso álcool/etanol é mais barato, eficiente e menos poluidor.

Numa história amarga, esta seria a mais doce das vitórias para os produtores, mas há uma campanha muito maior contra o açúcar nos alimentos americanos, responsável pela obesidade e pelo diabetes.

Decodificação do genoma de rã traz esperanças para anfíbios e humanos

A decodificação do genoma da rã africana, anunciada nesta quinta-feira, deve permitir à ciência proteger melhor os anfíbios, classe em rápido declínio no mundo, e permitir avançar na compreensão das doenças humanas.

A Xenopus tropicalis se soma, assim, à lista de mais de 175 organismos cujo genoma foi decodificado desde 2001, entre os quais o do ser humano, o da abelha, o da vaca, o do frango, o da ratazana e o do camundongo.

Os cientistas da equipe internacional que trabalhou no sequenciamento descobriram que o genoma desta rã tem de 20.000 a 21.000 genes, dos quais mais de 1.700 são muito similares aos que no homem estão relacionados com o câncer, a asma e as doenças cardíacas.

Comparativamente, o genoma do homem tem 23.000 genes, afirmaram estes cientistas, cujo trabalho será publicado na edição desta sexta-feira da revista científica americana "Science".

"Esta decodificação é um importante ponto de partida para se começar a trabalhar verdadeiramente com a Xenopus para compreender o funcionamento dos genes e como interagem durante o desenvolvimento das doenças", destacou Jacques Robert, imunologista da Faculdade de Medicina da Universidade de Rochester (Nova York), coautor do estudo.

"A Xenopus é muito promissora e deve tornar-se um modelo de pesquisa muito poderoso para nos ajudar a compreender melhor como funcionam nossos próprios genes", acrescentou o pesquisador, em um comunicado.

A decodificação desta pequena rã africana também abre a possibilidade de se estudar, ao nível molecular e genômico, os efeitos dos produtos químicos provenientes da contaminação ambiental, que perturbam o funcionamento das glândulas endócrinas dos anfíbios, afirmou Uffe Hellsten, bioinformático do "Joint Genome Institute", que integra o Departamento de Energia americano, que coordenou as pesquisas.

"Estas substâncias químicas imitam os hormônios das rãs e sua presença nos lagos e cursos d'água poderia ser, em grande parte, responsável pelo declive das populações de rãs em todo o mundo", acrescentou o cientista.

"É preciso esperar que a compreensão dos efeitos destes perturbadores hormonais ajude a preservar a diversidade das espécies de rãs e tenha também um impacto positivo para a saúde do homem, já que estas substâncias também afetam nosso organismo", observou.

Uma comparação das áreas em torno dos genes específicos da rã, do frango e do homem revela semelhanças surpreendentes que indicam que estruturas genéticas nos cromossomos destas espécies diferentes se mantiveram inalteradas ao longo da evolução.

"Quando se veem segmentos do genoma da Xenopus, podemos ver literalmente estruturas genéticas com 300 milhões de anos de antiguidade que pertencem ao genoma do último ancestral comum entre todas as aves, rãs, dinossauros e mamíferos que pisaram a Terra", explicou Uffe Hellsten.

"Pareceria, assim, que a fragmentação e relocalização dos cromossomos são extremamente raros na evolução", acrescentou.

A Xenopus é um tipo de rã que reúne mais de 20 espécies na África subsaariana.

Cerca de 50 cientistas de 24 institutos de pesquisa em todo o mundo participaram deste projeto, financiado pelos Estados Unidos.

Proteína aprisionada cura ossos quebrados

Uma proteína naturalmente produzida pelo corpo pode ser utilizada para curar ossos quebrados, descobriram pesquisadores da Califórnia. O experimento foi feito com ratos.

Os cientistas da Universidade Stanford injetaram nos bichos proteínas conhecidas como WNTs, que aceleram o crescimento do esqueleto. O osso demora dias para se recuperar, mas a terapia funciona. O estudo saiu na revista "Science Translational Medicine".

Já se sabia que essas proteínas eram úteis na regeneração. Mas era difícil fazer com que elas pudessem ser utilizadas como medicamento porque, por suas características químicas, elas preferem aderir umas às outras em vez de aos ossos.

Para vencer esse obstáculo, os cientistas se inspiraram em métodos já conhecidos utilizados para levar medicamentos até tumores. Eles encapsularam as proteínas purificadas em lipossomas -o mesmo material que constitui as membranas das células humanas. Assim, elas ficaram aprisionadas até encontrar os ossos.

Com agências internacionais

Grupo descobre como destruir placas formadas por bactérias

Parece até propaganda enganosa: um truque capaz de resolver pepinos que vão do limo no azulejo do banheiro a infecções hospitalares, passando pela placa bacteriana nos dentes. Em resumo, essa é a promessa de uma descoberta feita por cientistas nos EUA, que acharam um modo de desfazer os agregados de micróbios conhecidos como biofilmes.

O termo pode parecer esquisito, mas todo mundo já teve contato com algum tipo de biofilme bacteriano -afinal, essa é a causa dos problemas domésticos e de saúde mencionados acima. Nos biofilmes, os microrganismos deixam de viver de forma isolada e formam uma grande comunidade, unida por uma rede de fibras produzidas pelas células bacterianas.

Nessa forma de 'gosma', as bactérias prosperam tanto que seu conjunto fica visível a olho nu, como ocorre com o limo entre os azulejos. Atacar os micróbios com antibióticos fica muito mais difícil quando eles se unem dessa maneira, daí o perigo que os biofilmes representam num hospital, por exemplo. Mas a equipe de Richard Losick, da Universidade Harvard, mostrou que há um meio de dissolver tal armadura, sugerido pela própria dinâmica natural dos biofilmes.

Separação

O que acontece é que, depois de algum tempo, as vantagens de manter o agregado bacteriano funcionando diminuem, porque os nutrientes começam a faltar e há um acúmulo de substâncias nocivas aos micróbios. Nesse ponto, o biofilme se desfaz, e as bactérias se preparam para mais um período de vida solitária. Em artigo na revista "Science" desta semana, Losick e companhia contam como conseguiram detectar justamente o fator que permite a desagregação dos biofilmes que já estão envelhecidos.

Os dados vieram do estudo de agregados da bactéria Bacillus subtilis. Ao estudar biofilmes maduros da B. subtilis, já prestes a se desfazer, o grupo verificou que a responsável pelo desmanche era uma mistura de quatro tipos de aminoácidos, os componentes fundamentais das proteínas. O quarteto, formado por D-leucina, D-metionina, D-tirosina e D-triptofano, parece atuar em conjunto -cada molécula potencializa a ação da outra.

Ministrar a mistura foi o suficiente para destruir não apenas os biofilmes de B. subtilis como também o de duas outras bactérias, Staphylococcus aureus e Pseudomonas aeruginosa, que podem causar infecções fatais em seres humanos. Ao que parece, os quatro aminoácidos impedem que as fibras formadoras de biofilmes se grudem na parede das células bacterianas, diz o estudo.

Isso sugere que a mistura pode funcionar como desagregador de muitos tipos de biofilmes. Se tudo der certo, doenças como gengivites, infecções urinárias e gonorreia poderão ganhar novos tratamentos, sem falar na limpeza mais eficaz de ambientes hospitalares e industriais.

Cientistas estudam indiano que diz viver há 70 anos sem água e comida

Médicos e cientistas na cidade indiana de Ahmedabad estão observando um homem que diz ter vivido sem comida e sem água ao longo dos últimos 70 anos.

Prahlad Jani é um líder religioso da tradição Jainista. Ele está sendo observado por médicos, que afirmam que nas 108 horas que já se passaram, ele ainda não comeu nem bebeu nada.

Veja vídeo

O caso chamou atenção até mesmo do Exército indiano, que o colocou sobre observação por 24 horas ao longo das próximas duas semanas. A ideia é que se os médicos descobrirem o segredo do líder religioso, isso pode ser bem usado no futuro.

Prahlad Jani diz que sobrevive graças à meditação e ao poder da sua mente.

Apesar de este tipo de caso não ser totalmente inédito na Índia, ele se tornou um dos mais célebres dos últimos tempos por estar sendo estudado mais a fundo pelos cientistas.

Cientistas prevêem doenças de pessoa através de seu genoma

Cientistas americanos conseguiram, pela primeira vez, prever quais doenças uma pessoa poderá desenvolver, a partir de seu mapeamento genético.

Em estudo publicado na revista científica The Lancet, uma equipe da Universidade de Stanford, na Califórnia, analisou todo os genes do colega Stephen Quake, de 40 anos, e concluiu que ele corre o risco de sofrer de problemas como diabetes, doenças cardíacas e alguns tipos de câncer.

No ano passado, o professor de bioengenharia Quake ficou conhecido por ter desenvolvido uma nova tecnologia capaz de realizar seu mapeamento genético com menos de US$ 50 mil - um valor muito menor do que se gastava no início das pesquisas de genoma.

Outros cientistas, no entanto, disseram que a experiência levanta dilemas éticos, mesmo representando o início de uma nova era de medicina personalizada.

Ética

Quake se voluntariou para o estudo e, antes, foi submetido a sessões com um psicólogo para se preparar para a possibilidade da descoberta de uma doença grave.

Os cientistas analisaram genoma de Quake procurando por variações e "erros" genéticos associados com 55 doenças.

"Foi uma experiência interessante e eu estava curioso para saber os resultados", disse ele.

"Mas é importante admitir que nem todo mundo pode querer saber dos detalhes íntimos de seu genoma. Há muitas questões éticas, educacionais e de políticas que precisam ser esclarecidas antes de darmos continuidade com esse tipo de trabalho."

O custo do mapeamento genético vem diminuindo, e alguns cientistas acreditam que um estudo semelhante ao realizado na Califórnia poderá ser oferecido por médicos dentro de dez anos.

Menino cego aprende a se locomover com técnica de morcegos

Um menino cego de 4 anos está aprendendo a se locomover de maneira independente aprendendo a técnica de sonar usada por golfinhos para identificar objetos a sua volta.

James Aspland, do condado de Kent, na Inglaterra, é cego de nascença e está aprendendo a técnica com um especialista em mobilidade para deficientes visuais, o americano Daniel Kish, que perdeu a visão aos 13 anos e preside a organização Acesso ao Mundo para os Cegos.

A técnica envolve a emissão de estalos agudos com a língua para ouvir como eles reverberam nas superfícies próximas, ajudando um deficiente visual a localizar objetos e perceber seu tamanho - e seu posicionamento em relação a eles - pelo eco que eles produzem.

Técnicas semelhantes são usadas por animais como golfinhos e morcegos, mas como eles podem emitir sons muito mais agudos, sua percepção dos objetos é muito mais precisa e detalhada.

Segundo o jornal local Kent Messenger, Jamie será acompanhando por 12 meses por Kish, que dará ideias para seu treinamento. O especialista diz que a técnica ajuda a identificar objetos grandes, como prédios, a uma distância de até 100 metros.

Sua mãe, Debs Aspland, relatou uma ocasião em um parque, em que o filho conseguiu se desviar de uma cerca a tempo de evitar uma colisão.

O especialista, que treina pessoas no mundo todo, diz que 75% de seus "aprendizes" são crianças. Ele também pratica mountain bike e montanhismo, sempre utilizando a técnica.

Diretor de "Avatar" ajuda Nasa a criar câmera 3D para uso em Marte

O diretor de "Avatar" James Cameron está ajudando a Nasa (agência espacial norte-americana) na construção de uma câmera de alta resolução colorida em 3D e com zoom para a próxima geração de sondas marcianas.

O valor do projeto não foi revelado. A câmera será montada sobre a sonda Curiosity, que está sendo preparada para lançamento no ano que vem.

26.out.09/Nasa
Imagem da sonda Mars Reconnaissance Orbiter mostra rastros de redemoinho de vento sobre terreno de Marte
Imagem da sonda Mars Reconnaissance Orbiter mostra rastros de redemoinho de vento sobre terreno de Marte

O Jet Propulsion Laboratory, em Pasadena (Califórnia, EUA) havia desistido de construir uma câmera 3D na sonda Curiosity porque a construção da sonda estava atrasada e o orçamento estava acima do esperado.

Mas Cameron convenceu o administrador da agência Charles Bolden sobre a inclusão de uma câmera 3D durante um encontro em janeiro, dizendo que, com uma melhor "visão" sobre a superfície de Marte, a sonda iria ajudar o público a se conectar com a missão. O executivo cedeu.

Cameron está listado na Malin Space Science Systems (responsável pela construção da câmera espacial 3D) como copesquisador do projeto.

"O zoom não é uma questão científica, apesar de haver alguns benefícios da ciência", disse Michael Malin, que está trabalhando na equipe, em um comunicado. "As câmeras fixas que acabamos de entregar vão fazer quase tudo o que foi originalmente proposto. Mas elas não podem fornecer um amplo campo de visão. Com as câmeras de zoom, vamos ser capazes de fazer sequências de vídeo, [além de] cinema em 3D sobre a superfície de Marte."

Com Associated Press

Asteroide tem estoque de água congelada, diz estudo

A Nasa já tem mais um bom motivo para seguir em frente com seu plano de mandar humanos ao cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter: água. A preciosa substância parece estar distribuída, na forma de gelo, por toda a superfície do asteroide 24 Têmis, apontam dois novos estudos. Pode ser um indício de que a própria água responsável pelo surgimento da vida na Terra tenha vindo do cinturão durante os primórdios do Sistema Solar.

Gabriel Pérez/Instituto de Astrofísica das Canárias
Concepção artística do asteroide 24 Têmis e de fragmentos menores, originários de um impacto
Concepção artística do asteroide 24 Têmis e de fragmentos menores, originários de um impacto

Como a visita de astronautas ainda não aconteceu, a pista sobre a presença de água congelada é indireta. Os dois grupos de pesquisa, que incluem gente nos EUA, na Europa e no Brasil, observaram a luz infravermelha que chega até a superfície do asteroide e é rebatida por ele. Dependendo da composição do astro, a "assinatura" desse infravermelho varia, explica a astrônoma Thais Mothé-Diniz, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Ela é coautora de um dos estudos na revista "Nature" de hoje.

"Esse espectro [luminoso] do asteroide é comparado com as características ópticas de uma série de materiais num modelo de computador, o que indicou a presença de água", diz ela. O fato de muitos materiais absorverem e refletirem luz de maneira típica é uma mão na roda para os astrônomos, já que essa é uma das maneiras mais práticas para determinar de que é feito um astro distante.

A origem do gelo é mais misteriosa, porque as condições do cinturão de asteroides deveriam, em tese, fazer com que ele sublimasse (ou seja, virasse gás direto, sem passar pela forma líquida). "Achamos que há um reservatório de gelo logo abaixo da superfície, que pode ser trazido para cima, talvez pelo impacto de micrometeoritos ou pela ação do vento solar [fluxo de partículas oriundo do Sol]", afirma a astrônoma.

Os dados podem trazer pistas sobre o próprio passado da Terra. Isso porque é consenso entre os cientistas que, durante sua formação, há cerca de 4,5 bilhões de anos, o planeta não teria como manter um suprimento considerável de água. Mas a Terra também foi bombardeada por corpos menores durante esse período, entre eles cometas, ricos em gelo, os quais poderiam ter abastecido os ancestrais dos oceanos.

"O que estamos vendo é que não só os cometas, mas também os asteroides podem ter trazido essa água", afirma Mothé-Diniz. O complicado é saber, tantos bilhões de anos depois, qual fonte contribuiu com quanto da água que seria essencial para a evolução da vida. Aliás, os asteroides também podem ter bombardeado a Terra com suas moléculas orgânicas, "tijolos" químicos precursores dos seres vivos.

O impacto dos achados sobre futuras missões tripuladas pode ser mais direto do que se imagina. Um dos cientistas que estão ajudando a planejar a visita ao cinturão de asteroides é justamente o venezuelano Humberto Campins, da Universidade da Flórida Central, que coordenou o artigo na "Nature" também assinado pela pesquisadora brasileira.

Balão com equipamentos milionários cai na Austrália; veja vídeo

Um balão carregando equipamentos milionários de pesquisa científica caiu ao ser lançado na região central da Austrália, noticiou nesta quinta-feira a imprensa do país.

Veja vídeo

Um cinegrafista da rede de TV ABC conseguiu captar imagens do acidente. Os cientistas estavam tentando lançar o balão em grandes altitudes, para coletar dados para uma pesquisa de astrofísica.

Os pesquisadores culparam o vento pelo acidente. Apesar de tudo, eles conseguiram evitar que os equipamentos ficassem totalmente danificados.

O lançamento do balão foi adiado para o fim do mês de maio.

Cinema usa bicicletas ergométricas para gerar energia

Um cinema na capital da Lituânia, Vilnius, está usando bicicletas ergométricas para gerar energia para seu projetor. E quem se dispor a pedalar pode assistir ao filme de graça.

Os coordenadores cinema Pasaka, que significa Conto de Fadas, também são fãs de bicicletas, e decidiram unir as duas paixões para promover um estilo de vida mais sustentável.

A ideia está fazendo sucesso entre os freqüentadores do cinema.

O local, que normalmente exibe filmes de arte, está passando um filme por semana usando as bicicletas desde o começo de abril, e o projeto irá até o dia 6 de maio.

Mundo falhou em frear extinções, diz análise

O mundo está para perder outro prazo. Em 2010, deveria ter havido uma "redução significativa" da velocidade com a qual as formas de vida estão desaparecendo. Tanto a Convenção sobre Diversidade Biológica (CBD) e os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio da ONU, de 2000, demandam isso. Mas a maior análise da biodiversidade global já feita descobriu que não é isso o que está acontecendo -- apesar daqueles que parecem ser esforços governamentais maciços.

Brasil descumpre meta para ambiente

Nunca se produziu antes uma medida padronizada da biodiversidade entre os milhares de habitats da Terra. Cientistas da CBD criaram 31 esquemas de acompanhamento da perda de espécies, ecossistemas ou variantes genéticas em mamíferos, criaturas marinhas, aves e outras grandes categorias. Nesta semana, pela primeira vez, eles juntaram todos esses indicadores.

"Eles fornecem evidência plena de que o mundo natural está sendo destruído mais depressa do que nunca", disse Stuart Butchart, do Centro de Monitoramento da Conservação das Nações Unidas, em Cambridge (Reino Unido), autor principal do estudo. A análise será parte do Panorama Global da Biodiversidade 3, a ser publicado pela convenção no mês que vem.

O levantamento mostra que as espécies, de algas marinhas a mamíferos, caiu no geral desde 1970. Enquanto isso, as pressões sobre a biodiversidade, da sobrepesca às espécies invasoras, cresceu.

Infelizmente, não foi por falta de tentativa. O relatório, publicado ontem na edição on-line do periódico "Science", também mostra que os esforços dos governos para cumprir a promessa de 2010 aumentaram exponencialmente desde 1970.

Mas claramente não produziram muito resultado. O problema, diz Butchart, é que, embora haja uma miríade de planos no papel, "eles têm sido orientados, financiados e implementados de forma inadequada". Há, por exemplo, muitas áreas protegidas, mas elas não receberam dinheiro suficiente e não estão nas áreas mais importantes do ponto de vista biológico. Mais de 80% dos governos prometeram atacar o problema das espécies invasoras, mas menos da metade deles fez realmente algo.

Com mais US$ 4 bilhões por ano, segundo uma estimativa, seria possível tirar as áreas protegidas do papel, afirmou o autor.

As 193 nações que pertencem à Convenção da Biodiversidade se reúnem em outubro em Nagoya, Japão, e deverão usar a análise para orientar novas ações. "2010 não será o ano em que as perdas foram detidas", diz Butchart, "mas deve ser o ano em que os governos começaram a levar o assunto a sério".

Cientistas mapeiam o estresse causado por uso de computadores

Máquinas que travam, sistemas que ficam inexplicavelmente lentos, dificuldade em se lidar com o suporte técnico. Estes problemas, tão comuns da era digital, estão na raiz da Síndrome do Estresse Computacional, revela um estudo publicado na terça-feira (27) na internet.

"Os consumidores de hoje, dependentes de meios digitais, são crescentemente esmagados e desnorteados por problemas e obstáculos técnicos em suas vidas cotidianas", revelou um centro de pesquisas industrial em um estudo intitulado "Combatendo a Síndrome do Estresse Computacional" ('combating computer stress syndrome' no original).

SXC
Consumidores de hoje, dependentes de meios digitais, são crescentemente esmagados e desnorteados por problemas e obstáculos técnicos
Consumidores de hoje, dependentes de meios digitais, são crescentemente esmagados e desnorteados por problemas no PC

Entre as principais fontes de dores de cabeça digitais, o estudo apontou "computadores e equipamentos complexos e frustrantes, falhas técnicas, infecções por vírus e longas esperas para solucionar problemas".

As descobertas se basearam em uma pesquisa feita com mais de mil pessoas na América do Norte por um Comitê de Experiência do Consumidor, criado pelo Chief Marketing Officer Council (CMO), órgão dedicado a pesquisas industriais, para identificar formas de se manter os consumidores satisfeitos no altamente competitivo setor de comunicações.

"A realidade é que problemas numerosos e persistentes afetam a maioria dos usuários de computadores, criando angústia e ansiedade desnecessárias", destacou o estudo.

"Usuários digitalmente dependentes estão ficando saturados e frustrados com o atual estado de estresse relacionado ao computador e claramente procuram uma forma melhor de lidar com ele, reduzindo-o", acrescentou.

Das pessoas consultadas, 94% disseram depender de computadores em sua vida pessoal. Quase dois terços dos usuários precisaram contatar suporte técnico ou vivenciaram a Síndrome de Estresse Computacional (CSS, em inglês) no ano passado, diz o estudo.

"Os usuários enfrentam um estado continuado de ansiedade e desafio técnicos ao configurar novos produtos digitais, atualizar softwares e migrar para novos aplicativos e sistemas operacionais, bem como ao lidar com infecções de malware, ameaças na web, roubo e identidade e outros", aponta o estudo.

Outros 40% dos usuários de computador experimentaram falhas de sistema no último ano, e mais da metade teve que procurar ajuda para resolver problemas técnicos, destacou o instituto Pew Center Research, citado no estudo.

"Por serem tão importantes para nós, os computadores são uma faca de dois gumes", disse Murray Feingold, médica americana, apontada no estudo como criadora do termo CSS.

"Quando funcionam adequadamente, [os computadores] são ótimos. Mas quando algo sai errado, imediatamente entramos em pânico. Isto é o que chamo de Síndrome do Estresse Computacional", afirmou.

O estudo reforçou a importância de tornar a experiência homem-máquina menos angustiante, afirmou a porta-voz do comitê, Liz Miller.

"Achamos que já é tempo de que muitas destas grandes empresas de tecnologia realmente comecem a dar atenção ao que causa estresse e sofrimento ao consumidor para melhorar esta experiência", disse Miller.

Suposta descoberta da "Arca de Noé" na Turquia tem pouca base arqueológica

É preciso no mínimo muito cuidado para avaliar as alegações de que restos da célebre Arca de Noé teriam sido encontrados no alto do monte Ararat, na Turquia. Um grupo evangélico de Hong Kong, o Ministério Internacional da Arca de Noé, organizou a expedição até o Ararat e afirma ter achado, no alto da montanha, estruturas de madeira que poderiam corresponder, segundo eles, a recintos do barco, e mesmo aos locais onde os casais de cada espécie de animal teriam sido abrigados, conforme diz a narrativa do livro bíblico do Gênesis.

Nami/Divulgação
Pesquisador investiga estrutura de madeira supostamente ligada à Arca de Noé
Pesquisador investiga estrutura de madeira supostamente ligada à Arca de Noé

O ministério também afirma ter datado lascas de madeira com a ajuda do método do carbono-14 (no qual a perda gradual dessa forma do elemento carbono indica a idade do material orgânico). Segundo os exploradores, a datação obtida, de 4.800 anos, bateria com a data da construção da arca estimada com base nos dados da Bíblia.

Em princípio, não há nada de impossível no fato de construções de madeira com tal idade terem sobrevivido no alto do Ararat, mas há uma série de dúvidas sobre as afirmações do Ministério Internacional da Arca de Noé. Embora o grupo afirme ter "99,9% de certeza" de que se trata da arca, a localização exata dos artefatos não foi revelada, pelo menos por enquanto. O grupo também não disse se planeja publicar suas descobertas numa revista científica independente. As duas coisas são cruciais para que outros pesquisadores possam avaliar os dados e verificar se eles estão corretos, a começar da datação, que sempre pode incorrer em erros.

Água? Onde?

Nami/Divulgação
Recinto estaria associado a abrigos de animais na Arca, afirma grupo
Recinto estaria associado a abrigos de animais na Arca, afirma grupo de Hong Kong

Outro ponto importante, segundo pesquisadores que estudam a região de Ararat -- reino que, na Idade do Bronze, era conhecido como Urartu --, é que não há sinais de que alguma vez nos últimos milhares de anos as montanhas ali tenham ficado cobertas por água, ou que tenha havido uma interrupção na cultura dos povos da região. Uma mudança radical é o que seria de esperar caso Noé e seus descendentes tivessem repovoado a área, como diz a narrativa bíblica.

Finalmente, o próprio estudo detalhado do texto da Bíblia, bem como dos paralelos da história do Dilúvio na literatura do Oriente Médio antigo, dá pistas de que não se deve encarar a saga de Noé como um registro histórico.

Exemplo disso é o fato de que o texto do Gênesis (cuja época de composição provavelmente está entre 800 a.C. e 600 a.C.) parece ter surgido de uma recriação de obras bem mais antigas da Mesopotâmia, como os épicos de Gilgamesh (entre 1300 a.C. e 1000 a.C.) e Atrahasis (cerca de 1700 a.C.). Nessas obras também há a irritação de Deus (ou melhor, dos deuses) contra a humanidade, a destruição dos seres humanos por uma grande inundação e a sobrevivência de uma família que, por instruções divinas, constrói um barco para se salvar.

A diferença, no entanto, é que nos épicos da Mesopotâmia a motivação dos deuses para destruir a humanidade é o puro capricho: os seres humanos se tornaram numerosos demais, fazem muito barulho e, por isso, incomodam as divindades. A narrativa bíblica, por outro lado, vê uma motivação moral para a punição divina: a violência e a injustiça cometidas por todos, menos Noé. Por isso, os principais estudiosos da Bíblia argumentam que a história do Dilúvio na Bíblia é uma adaptação de lendas tradicionais cujo objetivo era defender a moralidade do monoteísmo, ou seja, a crença num único Deus.

Há, inclusive, indícios de "problemas de edição" no texto bíblico da história de Noé. Embora as pessoas quase sempre mencionem os dois casais de cada espécie de animal salvos por Noé na Arca, outros trechos da mesma história falam em sete casais de animais puros e um casal de animais impuros (uma distinção que só apareceu bem mais tarde na religião israelita, segundo a própria narrativa da Bíblia). É provável que as inconsistências derivem da junção de duas histórias diferentes sobre Noé, a qual resultou no texto disponível hoje.

Designer israelense faz tecnologia de iluminação a base de tomate

Os benefícios do tomate para a saúde são bem conhecidos, mas nunca se pensou que o fruto pudesse servir para iluminar um quarto.

A ideia surgiu há quatro meses do estudante de desenho industrial israelense Sigal Shapiro, que criou a lâmpada-tomate.

27.abr.10/Efe
ideia surgiu há quatro meses do estudante de desenho industrial israelense Sigal Shapiro, que criou a lâmpada-tomate
Ideia surgiu há quatro meses do estudante de desenho industrial israelense Sigal Shapiro, que criou a lâmpada ativada por tomates

O método é bem simples: uma dúzia de tomates serve de bateria para uma lâmpada de pequenas dimensões coberta em ouro, metal usado com o objetivo de alcançar a condução necessária.

Apresentada na feira de desenho que aconteceu em Milão neste mês, a lâmpada recolhe a energia dos tomates aos quais são introduzidos zinco e cobre, que geram uma reação química proporcionada pela acidez dos frutos.

Seu autor faz parte de um projeto chamado d-Vision, com sede na cidade israelense de Herzeliya, ao norte de Tel Aviv, que promove bolsas de estudos e pós-graduações em desenho industrial.

Junto ao modelo de Shapiro, foram apresentadas em Milão mais de 20 lâmpadas, algumas muito originais, como as fabricadas com sabão de glicerina, que impulsiona o emprego da tecnologia de iluminação LED, que vem ganhando terreno hoje em dia.

"A metáfora de todo o projeto é o fato de que atualmente a tecnologia LED se tornou suficientemente boa para substituir as luzes anteriores, pois consome um décimo da energia e tem maior vida útil", disse Ezri Tarazi, chefe do programa d-Vision para jovens talentos do desenho industrial em Israel.

"Nesse sentido, a exibição aposta pelo futuro da iluminação em virtude da revolução da luz LED", afirmou.

O projeto tenta mostrar que com a LED não é necessário grande quantidade de energia, mas apenas tomates.

"Não se trata de alta tecnologia, nos baseamos nos testes que todo aluno do ensino médio realiza no laboratório de física do colégio e que consiste em transformar uma fruta em bateria", disse Ezri, antes de explicar que limões ou batatas também poder ser utilizados.

O responsável afirma que o nome do desenho, "Still Light", faz referência à expressão em inglês "Still Life", que significa "Natureza Morta".

"Capturamos a vida de algo que vai morrer, e, neste caso, capturamos a energia de algo perecível, pois o tomate apodrece e deixa de servir no prazo de duas semanas", disse.

Após a utilização do tomate como fonte de energia, ele não pode ser consumido, já que, segundo os criadores da lâmpada, o fruto perde suas propriedades ácidas.

Os criadores destacam que, por enquanto, a peça desperta interesse apenas em colecionadores e em alguns museus, e que não pretendem impulsionar sua produção para uso doméstico.

27.abr.10/Efe
Projeto tenta mostrar que com a LED não é necessário grande quantidade de energia, mas apenas tomates
Projeto tenta mostrar que com a LED não é necessário grande quantidade de energia, mas apenas tomates

Decodificação do genoma de rã traz esperanças para anfíbios e humanos

A decodificação do genoma da rã africana, anunciada nesta quinta-feira, deve permitir à ciência proteger melhor os anfíbios, classe em rápido declínio no mundo, e permitir avançar na compreensão das doenças humanas.

A Xenopus tropicalis se soma, assim, à lista de mais de 175 organismos cujo genoma foi decodificado desde 2001, entre os quais o do ser humano, o da abelha, o da vaca, o do frango, o da ratazana e o do camundongo.

Os cientistas da equipe internacional que trabalhou no sequenciamento descobriram que o genoma desta rã tem de 20.000 a 21.000 genes, dos quais mais de 1.700 são muito similares aos que no homem estão relacionados com o câncer, a asma e as doenças cardíacas.

Comparativamente, o genoma do homem tem 23.000 genes, afirmaram estes cientistas, cujo trabalho será publicado na edição desta sexta-feira da revista científica americana "Science".

"Esta decodificação é um importante ponto de partida para se começar a trabalhar verdadeiramente com a Xenopus para compreender o funcionamento dos genes e como interagem durante o desenvolvimento das doenças", destacou Jacques Robert, imunologista da Faculdade de Medicina da Universidade de Rochester (Nova York), coautor do estudo.

"A Xenopus é muito promissora e deve tornar-se um modelo de pesquisa muito poderoso para nos ajudar a compreender melhor como funcionam nossos próprios genes", acrescentou o pesquisador, em um comunicado.

A decodificação desta pequena rã africana também abre a possibilidade de se estudar, ao nível molecular e genômico, os efeitos dos produtos químicos provenientes da contaminação ambiental, que perturbam o funcionamento das glândulas endócrinas dos anfíbios, afirmou Uffe Hellsten, bioinformático do "Joint Genome Institute", que integra o Departamento de Energia americano, que coordenou as pesquisas.

"Estas substâncias químicas imitam os hormônios das rãs e sua presença nos lagos e cursos d'água poderia ser, em grande parte, responsável pelo declive das populações de rãs em todo o mundo", acrescentou o cientista.

"É preciso esperar que a compreensão dos efeitos destes perturbadores hormonais ajude a preservar a diversidade das espécies de rãs e tenha também um impacto positivo para a saúde do homem, já que estas substâncias também afetam nosso organismo", observou.

Uma comparação das áreas em torno dos genes específicos da rã, do frango e do homem revela semelhanças surpreendentes que indicam que estruturas genéticas nos cromossomos destas espécies diferentes se mantiveram inalteradas ao longo da evolução.

"Quando se veem segmentos do genoma da Xenopus, podemos ver literalmente estruturas genéticas com 300 milhões de anos de antiguidade que pertencem ao genoma do último ancestral comum entre todas as aves, rãs, dinossauros e mamíferos que pisaram a Terra", explicou Uffe Hellsten.

"Pareceria, assim, que a fragmentação e relocalização dos cromossomos são extremamente raros na evolução", acrescentou.

A Xenopus é um tipo de rã que reúne mais de 20 espécies na África subsaariana.

Cerca de 50 cientistas de 24 institutos de pesquisa em todo o mundo participaram deste projeto, financiado pelos Estados Unidos.

Dinossauro também mudava as penas, mostra fóssil

Quem ainda duvida de que as aves modernas não passam de dinossauros de duas patas aguente-se com esta: dois novos fósseis descobertos na China sugerem que, assim como os pintinhos, esses répteis extintos também trocavam as penas na passagem para a idade adulta.

Xing Lida e Song Qijin/-Divulgação
-Ilustração reconstitui dois exemplares do dinossauro predador "Similicaudipteryx": um juvenil, com as penas "bizarras", e um adulto
-Ilustração reconstitui dois exemplares do dinossauro predador "Similicaudipteryx": um juvenil, com as penas "bizarras", e um adulto

Mas os dinos iam além: enquanto as aves fazem a muda apenas uma vez (da penugem para as penas que usarão para voar), eles tinham um estágio intermediário de troca. Penas de "adolescente", por assim dizer.

A descoberta foi relatada no periódico "Nature" pela equipe do caçador de fósseis Xing Xu, da Academia Chinesa de Ciências. Segundo os pesquisadores, ela mostra que a evolução andou brincando um bocado com o design das penas antes de produzir o padrão atual.

Proteína aprisionada cura ossos quebrados

Uma proteína naturalmente produzida pelo corpo pode ser utilizada para curar ossos quebrados, descobriram pesquisadores da Califórnia. O experimento foi feito com ratos.

Os cientistas da Universidade Stanford injetaram nos bichos proteínas conhecidas como WNTs, que aceleram o crescimento do esqueleto. O osso demora dias para se recuperar, mas a terapia funciona. O estudo saiu na revista "Science Translational Medicine".

Já se sabia que essas proteínas eram úteis na regeneração. Mas era difícil fazer com que elas pudessem ser utilizadas como medicamento porque, por suas características químicas, elas preferem aderir umas às outras em vez de aos ossos.

Para vencer esse obstáculo, os cientistas se inspiraram em métodos já conhecidos utilizados para levar medicamentos até tumores. Eles encapsularam as proteínas purificadas em lipossomas -o mesmo material que constitui as membranas das células humanas. Assim, elas ficaram aprisionadas até encontrar os ossos.

Com agências internacionais